quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SAUDE

 Marcelo Elias/Gazeta do Povo




Oresten passou a tomar cuidados depois que a pressão baixou durante uma corrida sem reidratação
HIPOTENSÃO

Água é o “remédio” quando a pressão cai

Episódios decorrem de situações como calor excessivo e desidratação. Riscos não são iguais aos da hipertensão, mas exigem cuidados
Publicado em 18/10/2010 | ISADORA RAQUEL RUPP
Tontura, visão turva, dor de cabeça, sudorese fria, sonolência, fraqueza e até desmaio são alguns sintomas da hipotensão, a popular “pressão baixa”. Ao contrário da hi pertensão, que pode levar a consequências sérias como o infarto, raramente as pessoas com pressão menor do que 12 por 8 têm alguma doença séria associada. Em geral, os episódios estão ligados a fatores ambientais, como calor excessivo ou falta de hidratação. “A temperatura alta causa uma dilatação dos vasos sanguíneos, o que faz os ní veis de pressão caírem”, explica o car diologista clínico da Santa Casa de Curitiba, Francisco Maia da Silva.
É nessas situações que o engenheiro mecânico Luís Fernando Oresten, cuja pressão costuma estar na casa dos 10 por 8, precisa tomar cuidado. “Uma vez fui correr e estava muito quente. Acabei não bebendo água e cheguei em casa passando mal, com muita tontura. Agora procuro não me descuidar”. A hidratação, a propósito, é a principal atitude a ser tomada para manter normais os níveis de pressão. “O que resolve nos casos de queda súbita de pressão é tomar muita água”, orienta a clínica-geral do Hospital Nossa Senhora do Pilar, Mirella Analía Perez Massolo.
O que fazer
Veja como proceder em casos de queda súbita de pressão:
- Deite ou sente a pessoa, para evitar que ela desmaie. Procure deixar a cabeça em um nível mais baixo, para aumentar a circulação do sangue.
- Beba bastante líquido. Além da água, bebidas isotônicas, por conter sódio e eletrólitos, também são indicadas, pois repõem a hidratação.
- No momento em que estiver com a pressão baixa, aumente o consumo de sal.
- Evite calor excessivo. Banhos muito quentes também podem diminuir a pressão.
- Evite mudanças de postura bruscas.
- Pratique exercícios físicos regularmente, que ajudam a deixar a pressão controlada.
Sintoma pode ser comum na alta e na baixa
Apesar de ter sensações diferentes, uma pessoa com pressão baixa também pode sofrer uma elevação dos níveis. Por isso, é ideal checar o índice da pressão arterial antes de tomar uma atitude. A dor de cabeça e a tontura, por exemplo, costumam ser comuns nos dois casos. Por outro lado, a sudorese fria acontece só com a diminuição, enquanto o formigamento em alguma parte do corpo está diretamente ligado ao aumento. “Pessoas com pressão ideal, 12 por 8, ou mais baixa, têm sintomas mais agudos e ficam piores do que quem já tem a pressão mais elevada”, diz o cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Marcos Knobel.
De acordo com a cardiologista do Prolab Centro Diagnóstico Cardiológico de Curitiba, Ana Camarozano, indivíduos que tiveram uma pressão média de 10 por 7 durante boa parte da vida podem ficar hipertensos, mesmo que a pressão não chegue aos níveis considerados como hipertensão (acima de 14). “Se ele passa a ter pressão maior do que 13, mesmo sendo um nível limítrofe para outras pessoas, pode ser um indicativo.”
O paciente hipertenso, ao contrário do hipotenso, costuma apresentar sintomas como dores no peito, falta de ar e bastante ansiedade. “São situações mais sérias, que levam a pessoa a procurar ajuda rapidamente. Mas existem casos de derrame ou enfarte em hipertensos que não apresentam nenhum sintoma”, explica o cardiologista clínico da Santa Casa de Curitiba, Francisco Maia da Silva.
De acordo com o cardiologista da Santa Casa, o biotipo da pessoa também tem relação com a pressão arterial. “Pessoas de baixa estatura e magras geralmente têm a pressão menor. Pacientes com pressão 9 por 5 convivem sem nenhum sintoma ou patologia”, explica. Mudança de altitude é outro fator que diminui os níveis de pressão. “O fato de uma pessoa estar em uma cidade e ir para o nível do mar já pode levar à diminuição dos níveis”, esclarece o cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Marcos Knobel.
Doenças como embolia pulmonar, choque séptico e insuficiência cardíaca podem ter como reflexo a pressão baixa, mas nunca isoladamente. A insuficiência, por exemplo, sempre leva à falta de ar e muito cansaço. “A baixa pressão arterial, nesses casos, é consequência da doença aguda e não um sintoma”, esclarece Mirella. Segundo a médica, existem ainda pessoas com a chamada hipotensão ortostática (a pressão diminuiu rapidamente com mudanças bruscas de posição). “Alguns pacientes se machucam e desmaiam. Nesses casos, é feita uma investigação maior e a orientação é nunca levantar-se rapidamente.”
A queda de pressão arterial não deve ser confundida com a diminuição dos níveis de glicose no sangue, que acontece quando se fica um longo período em jejum. “A baixa da glicose pode levar a diminuição da pressão, mas não é uma re gra. É muito variável e depende do organismo da pessoa”, salienta Knobel.
Cuidados
Quem tem pressão baixa ou teve uma queda súbita deve aumentar a ingestão de líquidos, como água e bebidas isotônicas, não mudar de postura bruscamente e evitar calor excessivo. A ingestão de sal nesse momento também pode ser aumentada. Atividade física ajuda a deixar a pressão controlada. “O exercício tonifica os vasos e a musculatura, gerando uma resistência maior a ter uma queda súbita”, frisa o cardiologista Marcos Knobel. Nunca se deve fazer uso de medicamentos para aumentar a pressão sem orientação médica.
O cardiologista Francisco Maia da Silva ressalta, ainda, que não há necessidade de manter um aparelho para medição de pressão em casa. “Tem pessoa que fica escrava. Meça a pressão quando houver necessidade e procure avaliação médica caso os episódios sejam muito frequentes.”

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